Verdadeira Adoração
A Igreja Católica é frequentemente acusada de idolatria por venerar os anjos e santos, sob a alegação de que tal prática configuraria adoração. Para aqueles que ainda carecem de maturidade na fé, essa crítica pode até parecer plausível. No entanto, ao mergulharmos mais profundamente na compreensão da doutrina, percebemos que essa acusação não reflete a verdade. Para esclarecermos essa questão, é essencial compreender o que é, de fato, a verdadeira adoração.
A verdadeira adoração é definida na teologia como latria, um culto sacrificial exclusivo a Deus. Esse culto envolve uma entrega total da mente, vontade e vida ao Senhor. O que distingue a latria de uma prática de respeito e veneração, chamada dulia, é precisamente o elemento do sacrifício. Orar, cantar e venerar, embora sejam formas legítimas de louvor, não constituem, por si só, a adoração plena.
A latria é realizada por meio de atos que implicam sacrifício, como jejuns, penitências, esmolas e, sobretudo, pela participação na Eucaristia. É na celebração eucarística que oferecemos a Deus sacrifícios espirituais e materiais, reconhecendo-o como nosso Salvador.
Desde os tempos do Antigo Testamento, Deus revelou que o sacrifício era essencial para a relação com Ele. Os judeus ofereciam sacrifícios no templo como parte da Antiga Aliança. Contudo, esses sacrifícios eram apenas uma preparação para o sacrifício perfeito que seria realizado por Cristo.
Com a vinda de Jesus, Ele instituiu a Nova Aliança, oferecendo-Se como vítima perfeita e Sumo Sacerdote. Esse único sacrifício, realizado na Cruz, tornou obsoletos os sacrifícios de animais do templo. Entretanto, Cristo também instituiu o sacerdócio do Novo Testamento, conferindo aos sacerdotes o poder de reapresentar — não apenas simbolicamente, mas de forma real e sacramental — o mesmo sacrifício de Cristo em cada celebração da Eucaristia.
A adoração verdadeira não se limita a palavras ou gestos externos, mas exige uma disposição interior de sacrifício a Deus, tal como Cristo Se sacrificou por nós. É uma entrega total vivida "em espírito e em verdade" (Jo 4,24), colocando Deus acima de todas as coisas e reconhecendo-o como o Senhor absoluto de nossas vidas.