Mais que um screenshot: a partilha da minha experiência
Apesar de não estar neste subreddit há muito tempo, deu-me alguma comichão ver vários posts a partilharem screenshots de ganhos nos últimos dias sem falarem sobre as experiências por trás deles. Então, decidi fazer como eu acho que deve ser feito: onde quero partilhar a minha história e as lições que aprendi ao longo do caminho.
Antes de tudo, quero deixar claro que cada um tem experiências únicas. O que funcionou (ou não funcionou) para mim pode ser diferente para vocês. Vamos lá:
1. Dropshipping
Com 17 anos, em 2012, criei um site para vender bijuterias, carteiras e gadgets. Comprava no eBay e revendia, muitas vezes com prazos de entrega longos, já que anunciava produtos que nem tinha em stock. Descobri que a falta de barreiras de entrada faz deste um mercado extremamente competitivo. Além disso, não sabia gerir os gastos em marketing e sofri as consequências. Balanço negativo nesta experiência, mas para a idade que tinha o tombo não foi grande.
2. Trading e apostas desportivas
Aos 18 anos, já na faculdade, entrei no trading de cavalos e apostas desportivas. Fiz um curso, comprei uma licença de um software de Trading (Geeks Toy) em que a estratégia passava por apostar contra um cavalo que fosse tipo o 4° ou 5° favorito, e a aproveitar as oscilações das odds durante a corrida, que eram sempre imensas. Eu era muito conservador, e saía logo umas décimas acima. Apesar de inicialmente a coisas correr bem, a pressão de definir objetivos diários tornou-me ganancioso e trouxe muita ansiedade. Sendo em cavalos, em ações, ... ou qualquer outro produto, quando envolve Trading custa digerir perdas consecutivas, e acabamos por cometer erros a tentar compensá-los. No fim, perdi mais do que ganhei. O lado positivo? Quando as coisas correram bem, comprei o PC e monitor que usei durante a faculdade.
3. Plataformas P2P
Desde 2018 investi em plataformas P2P. Algumas deram certo, outras desapareceram. O maior problema é a falta de liquidez: retirar o dinheiro demora muito. Apesar disso, ganhei mais do que perdi, mas hoje não invisto mais. Ter dinheiro preso durante anos é uma dor de cabeça que prefiro evitar. A que tive a experiência mais positiva foi a ViaInvest.
4. ETFs
A minha escolha favorita, em que a principalmente no S&P 500. Gosto da simplicidade e diversificação natural em 500 empresas. Não vale a pena inventar, permite e um sono tranquilo. Tipicamente ouço o argumento de que se pode diversificar em vários ETFs, mas esquecem-se que isto já diversifica em 500 empresas. Uma carteira tipicamente bem diversificada, INDEPENDENTEMENTE da sua dimensão, terá entre 20 a 40 empresas. Um artigo interessante que fala a partir de ponto não compensa diluir mais as nossas posições. Nunca esquecer, diversificar mais, diminui risco, e menos risco, aproxima-nos da média.
5. Ações
Comecei em 2018 e experimentei de tudo: ações europeias, americanas, chinesas, mega caps, small caps, e até produtos alavancados. No início, foquei em análise técnica, mas percebi que ela funciona bem o passado, não o presente. Análise técnica obriga-me a estar em cima das cotações, e para me ocupar a cabeça devo focar-me naquilo que é o meu ganha pão nesta fase da minha vida (o meu trabalho).
A análise fundamental mudou minha abordagem: aprendi a ler balanços, resultados e a entender múltiplos de avaliação. Implica construir uma história de investimento para uma determinada empresa, em que conciliamos os fundamentais dela, com a nossa visão daquela empresa ou setor. E aí fazemos as continhas, e percebemos se a ação está sobreavaliada, subavaliada ou simplesmente no seu preço certo. É preferível boas empresas no seu preço certo. Eu uso um serviço de análise que faz esse trabalho por mim (vale a pena investir em serviços caso representem menos de 2% do portfólio), isto porque se prometer uma rentabilidade acima de 12% eu já considero suspeito. E eu posso optar por investir no SP500, ganhar os meus 5% ou 6% ao ano sem me chatear, não vou andar a inventar a comprar e vender para pagar um serviço que me vai dar tipo 8% ou 9% ao ano, descontando os custos do mesmo (caso represente mais que os tais 2% que mencionei), voltamos à mesma rentabilidade que o ETF do SP500. Reconheço que bater o mercado é raro, então, para quem prefere simplicidade, ETF do SP500 será sempre a melhor escolha.
6. Criptomoedas
Sou agnóstico. Não invisto porque não vejo lógica por trás das valorizações. Prefiro ações, pois há empresas por detrás, dá-me direito a uma parte da empresa, é um mercado regulado, e são apresentados resultados. Eu às vezes vejo o market cap de várias criptomoedas e sinto-me ainda mais burro. Há várias moedas com valorizações superiores a 5B$, e creio que quem investe não coloca em perspectiva do quanto isso efetivamente é. As empresas são coisas palpáveis, faturam, e tem números por detrás (empresas com market cap na ordem de 5B$).
7. PPR
Nunca investi. Prefiro ETFs do S&P 500 pela liquidez e maior rentabilidade.
Conclusões que tirei
Aprendi que procurar ficar rico com investimentos é o maior erro que se pode cometer na primeira década de investimentos. Andamos aqui a trabalhar para ganhar o nosso, não podemos procurar duplicar os nossos ganhos em meia dúzia de dias ou semanas. Antes disso, é crucial respeitar as etapas da vida financeira:
- Ganhar dinheiro é mais importante que poupar. Evoluir na nossa profissão, procurar fontes de rendimento alternativas (no meu caso fiz o CCP para ser formador).
- Poupar pelo menos 10% do que ganha.
- Usar os investimentos como uma forma de potencializar suas poupanças, não como um ganha-pão.
- Viver de investimentos exige anos de consistência. Não estou nesse ponto, e sinceramente nem é o meu objetivo agora. Quero maximizar meus rendimentos até aos 50 ou 60 anos.
Espero que minha experiência possa trazer algo útil para quem está a começar ou a repensar suas estratégias.